3 versos de Manuel de Freitas

«Se nenhum deles, a acreditar no Google, deixou cadastro / cultural foi porque a vida, ou nem sequer a vida, / sabotou as adolescências de que fui breve testemunha.»

 «Victims of the dance», Walkmen (2007)

4 versos de Fernando Assis Pacheco

«entretanto falhamos porque estas coisas batem / no plexo solar viciam o salto / vamos dar com os cornos tristemente / no sítio onde a piscina é mais baixa»

Memórias do Contencioso (1976)

3 versos de Fernando Jorge Fabião

«A tinta prolonga / o sangue / consome o saber das sílabas» 

Na Orla da Tinta (2001)

3 versos de Alberto de Lacerda

«Sol Branco / Imperador fraterno / Do azul muito ténue» 

Átrio (1997)

2 versos de Alexandre Dáskalos

«Não peças palavras: / É voz o vento e o seu perdido rumo.»

 Poesia (póstumo,1961)

3 versos de Carlito Azevedo

«Do lixo da esquina partiu / o último vôo da varejeira / contra um século convulsivo.»

Sob a Noite Física (1996)

4 versos de Mário Avelar

«A terra aguardava em / silêncio a chegada / das betoneiras, dos patos / bravos.»

 Cidades de Refúgio (1991)

4 versos de Fernando Pinto do Amaral

«Qual o instante / em que o verão se transforma no outono / se o arrepio da noite quando chega / parece ainda um luminoso dia?»

 «Naufrágio», A Luz da Madrugada (2007)



3 versos de Pedro Alvim

«Lá fora // -- um frio só / de rua fria.» 

«Dia 1», A Esfera dos Dias (1985)

3 versos de Manuel Alegre

«E ouvi um jipe que rolava na picada / um jipe sem sentido / na última viagem de Portugal.»

«À sombra das árvores milenares», Doze Naus (2007)



3 versos de Cláudio Manuel da Costa

«Seu descuido em seu fogo desculpava; / Que mal feria o sol tão penetrante, / Onde maior incêndio a alma abrasava.»

in José Valle de Figueiredo, Antologia da Poesia Brasileira (s.d.)

2 versos de Fernando Jorge Fabião

«Escrevo como quem da mágoa / se despede e é outra cor» 

Nascente da Sede (2000)

2 versos de Ana Hatherly

«Como saltar dos meus versos / para os teus braços?» 

Fibrilações (2005)

3 versos de João Miguel Fernandes Jorge

«Uma rapariga tem sempre a sua música / leva o dinheiro apertado num saco bordado / o retrato da amada na outra mão.»

João Miguel Fernandes Jorge, O Regresso dos Remadores (1982)

3 versos de Rui Knopfli

«Por enquanto mais nada, senão / o torvo tinir dos talheres / no banquete da morte impossível.»  «Lírica para uma ave», O País dos Outros (1959)



3 versos de Sebastião da Gama

«A corda tensa que eu sou, / o Senhor Deus é quem / a faz vibrar...»

 Serra-Mãe (1945)



3 versos de Fernando Cabrita

«Na suave trepidação das ruas / mansamente tocado pelo vento de Janeiro / penso que tudo vale mais do que qualquer palavra.»    

«Na suave trepidação das ruas», O Portão das Colinas do Nada (Poemas da Cidade de Londres) (1988)

4 versos de Saul Dias

«Vou cair e ficar no chão horas e horas / até que o frio da noite -- esse pássaro sonâmbulo -- / venha, com suas asas metálicas, acordar-me / ou roçar-me de morte...» 

 ...Mais e Mais... (1932)

2 versos de Armindo Rodrigues

«É só a mim que procuro / e sou eu próprio o caminho.»

«Não sou escravo nem sou rei», Voz Arremessada ao Caminho (1943)

4 versos de António Gedeão

«Era ao entardecer, / na hora espessa, peganhenta e húmida, / em que um resto de luz no espasmo da agonia / geme nas coisas e empasta-as como goma.»

 «Poema do cão ao entardecer», Poemas Póstumos (1983)



4 versos de Miguel-Manso

«Nápoles era um imenso bairro da Graça / mas com mais vizinhas / em roupa interior / e berros nas / janelas»

«Via Atri Nº 25 Piano Int. 12», Contra a Manhã Burra (2009)

5 versos de Soledade Santos

«A mãe foi artesã / da alegria (da minha -- não da sua) / e passou breve / cisne ao sol / sacrificado.» 

«Deram-me o nome», Sob os Teus Pés a Terra (2010)

2 versos de Luís Quintais

«Este quis o anonimato, a discreta parceria / com o mistério da pedra.» 

 Verso Antigo (2001)

1 verso de José Emílio-Nelson

«Boas maneiras, bilhete de identidade, contribuinte, gravata.»

 O Anjo Relicário (1999)

5 versos de Herberto Helder

«As mães são as mais altas coisas / que os filhos criam, porque se colocam / na combustão dos filhos, porque / os filhos estão como invasores dentes-de-leão / no terreno das mães.»

A Colher na Boca (1961) / Ou o Poema Contínuo (2001)

2 versos de Carlos de Oliveira

«Tão pequenas / a infância, a terra.» 

«Infância», Turismo (1942) / Trabalho Poético (1978)

3 versos de Duarte de Viveiros

«E o luar, o luar magnífico e sereno, / Só ele compreende a minha dor / Porque me beija o rosto nazareno;»

«Parada dos ângulos agudos» Obra Poética (1960, póstumo)

2 versos de Rui Knopfli

«Nós, meninos, paralisados de medo / e espanto.»

«O monhé das cobras», O Monhé das Cobras (1997) 

2 versos de Sophia de Mello Breyner Andresen

«Têm as mão brancas de sal / E os ombros vermelhos de sol.»

«Os navegadores», Mar Novo (1958) /

/ Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa (ed. Ana Hatherly, 1960)

2 versos de A. M. Pires Cabral

«Toda a gente foi domingo / alguma vez.»

 «Degradação», Arado (2009) /

/ Resumo -- A Poesia em 2009

(edição de José Alberto Oliveira, José Tolentino Mendonça, Luís Miguel Queirós e Manuel de Freitas, 2010)

2 versos de Gomes Leal

«Seu colo tem do lírio a rígida firmeza, / Seu amor é um céu católico e distante...»

«O visionário ou Som e cor», Claridades do Sul (1875) / 

/ Edoi Lelia Doura -- Antologia das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa

(ed. Herberto Hélder, 1985)